O mês de dezembro inicia com o
rio negro bem alto, o repiquete de fim de novembro elevou o nível do rio
em quase 1,5m. Nessas condições, sabemos que o tucunaré fica “manhoso” e sua
captura se torna ainda mais difícil. Ainda assim, eu e minha companheira Rose,
resolvemos tentar a sorte num lago bem escondido que conheço distante a 20km de
Barcelos.
O relógio marcava quase 9:00h
quando saímos na voadeira. Até chegarmos nesse lago, demoramos em torno de 50min.
Logo na chegada, pudemos observar que as condições de pesca estavam totalmente
contrarias a nós. Batemos 1hora de vara e nada, absolutamente nada. Tivemos
então a ideia de utilizar a técnica do currico – utilizando uma isca de fundo
que carinhosamente apelidamos de “cata toco”.
Logo após 5min, entra um grande
tucunaré e pra piorar num trecho onde existem muitos troncos submersos e na
superfície uma vegetação chamada de “arumã”. Não deu outra, o tucunaré passou
por debaixo dos troncos, se alojou dentro da vegetação superficial e conseguiu
escapar. Acredito que era um bom exemplar com seus 4 ou 5kg no máximo.
Estávamos preocupados com o
almoço pois minha companheira Rose havia levado arroz, forofa e vinagrete.
Contávamos com um peixinho para o assado na beira de algum barranco que não
estivesse submerso. Continuamos a curricar e entraram 4 piranhas de tamanho
médio que rapidamente foram embarcadas –
Opa, o almoço tá garantido – pensamos quase juntos. Paramos a voadeira,
tratamos as piranhas, fizemos o fogo e preparamos o assado de piranha - garanto
a vocês que não deixa nada a desejar ao assado de tucunaré. Nem percebemos o
tempo passar e relógio já batia as 13:30h.
Logo após o almoço, o tempo
rapidamente mudou e em alguns minutos o céu estava desabando. Neste momento, olhei pra Rose e disse – vamos arrumar tudo e sair pra pescar debaixo
de chuva mesmo – lembrei que quando cai uma chuva torrencial, os tucunarés
ficam mais ativos pois a água da superfície esfria e os grande peixes que moram
no fundo sobem a tona para se refrescar e se alimentar. Eu era o piloteiro da
Rose – controlando o motor elétrico e a própria voadeira. Ela estava usando uma
João-pepino vermelhinha no inicio. Logo no primeiro arremesso teve dois bons rebujos que não se confirmaram
com fisgadas. Ela mudou de isca, pegou uma isca de meia-água que não lembro o
nome e que havia sido modificada: a
barbela tinha sido cortada e algumas pinturas de esmalte de unha vermelho
haviam sido feitas na isca e que contrastavam
com o branco desbotado da mesma. Assim que ela arremessou, percebi que a
isca trabalhava como sub superfície, submersa a uns 15cm apenas. No segundo
arremesso, um grande tucunaré erra a isca 2 vezes seguidas, abocanhando-a na
terceira vez quase colado na voadeira. Deu pra ver a parte dorsal quase toda do
monstro saindo fora d’água. Fiquei preocupado, pois a Rose nunca tinha tirado
um tucunaré grande sozinha e o peixe neste momento tomava linha (
multifilamento de 55lb) em direção aos
troncos submersos. Rapidamente, dei ré no motor elétrico puxando o barco para o
meio do lago e disse a Rose: “Não puxe com força, o peixe já está fisgado,
apenas controle e vá recolhendo a linha devagar”. Neste momento o tucunaré dá um salto de mais
um de metro tentando se libertar da isca. Que Espetáculo!! Com o tucunaré no meio do lago, fisgado e sem
o risco das tronqueiras submersas a briga foi muito boa. Depois de tomar linha
3 vezes seguidas, e 5 minutos depois de ser fisgado o bichão se rendeu e como
dizemos por aqui “prancheou” ou seja, virou totalmente de lado. Assim que
chegou próximo ao bote, engatei o boga e tirei rapidamente o peixe para
registro desse recorde pessoal da Rose. Eu e ela tremíamos feito vara verde
tamanha a descarga de adrenalina que invadiu nossos corpos. Realmente um momento
mágico e inesquecível. As imagens abaixo não descrevem com precisão toda a emoção que sentimos, mas sem dúvida dá
pra ter uma ideia pois nossas caras de alegria nos entregam.
Este grande exemplar foi devolvido intacto ao rio para que outros amigos tenham a mesma sorte e prazer que nós tivemos: